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Priscilla Alcântara, 23 anos, fala de empoderamento feminino, trabalho e autoestima - Divulgação

Priscilla Alcântara sorteou muito Playstation na infância. Aos 8 anos, começou a apresentar o programa Bom Dia & Cia, no SBT, ao lado do também apresentador Yudi Tamashiro. Hoje, aos 23 anos, é uma cantora reconhecida no meio gospel — apesar de considerar que é mais uma limitação de mercado do que na temática de suas composições. “Falo do que sinto necessidade de falar e de as pessoas ouvirem, seja em linguagem religiosa ou não.”

A mudança para a carreira musical da artista, que hoje é acompanhada por 5,3 milhões de pessoas no Instagram, aconteceu aos 17 anos. Para ela, foi o momento em que se sentiu mais valorizada. Na TV, ela se sentia “oprimida por ser mulher”.

“Na época da TV, eu me sentia muito oprimida por ser mulher. Não que alguém tenha feito algo diretamente para mim, mas, sabe aquela coisa sutil, de que se tem uma mulher e um homem [juntos], as pessoas se direcionavam mais para o homem? Eu me sentia muito menos direcionada”, explicou, sem precisar períodos. “Foi durante toda a minha jornada na televisão.”

“Quando foquei só na música, vi darem mais atenção pra mim. Além disso, fazer o que eu nasci para fazer me libertou como pessoa, artista e como mulher também.” Agora, Priscilla diz se sentir mais liberta ao se expressar por sua potente voz, moldada desde os seis anos em aulas de canto com técnica R&B. Apesar de cantar pop, em que não usa tudo o que aprendeu, ela dá palhinhas no Instagram impondo notas para cantar músicas de sua artista preferida, Beyoncé.

“Ela é uma coisa emotiva para mim. Postar esses vídeos mostra um som diferente do que a galera está acostumada a ouvir de mim. Postei um vídeo de ‘Shallow’ [do filme “Nasce uma Estrela”, com Lady Gaga e Bradley Cooper] que viralizou, ganhei mil seguidores no dia. Isso acaba atraindo público para minhas músicas autorais.”

Tempos de “luta pela busca do direto da mulher”

Cantora fez cirurgia no nariz para mudar o que a incomodava. "Eu sou bem vaidosa" - Lucas Seixas/UOL De família cristã, com pais pastores, Priscilla não cita o termo feminismo propriamente, mas “a luta pela busca do direito da mulher”. Ela diz que não levanta bandeiras, mas que se sente empoderada pela Bíblia. “Respeito quem levanta bandeiras dos movimentos, porque vai a fundo à questão. Não é meu caso, não posso falar que sou ativista, porque sou leiga, ainda. Mas eu acredito na luta do direito das mulheres e abordo essa questão a partir do princípio da minha fé, que é a Bíblia. Ela empodera muitas mulheres”, explica a cantora, que hoje faz parte da igreja Bola de Neve.

“Tenho como exemplo a rainha Ester, que foi capaz de salvar todos os judeus. E eu cresci vendo minha mãe sendo líder, meus pais eram pastores de uma igreja bem tradicional, e ela ia à frente, todo sábado. Meu crescimento foi num ambiente de fé que dava espaço para as mulheres”, explica. “Sou empoderada e me sinto à vontade para empoderar meninas, para elas persistirem no que estão fazendo, independentemente do que as pessoas ao redor digam.”

Priscilla gosta de falar sobre sua crença, de caridade, e do fato de sua espiritualidade não anular seu corpo, nem sua mente. Apesar de não falar muito de intimidade, ela se abre para falar do “relacionamento íntimo com Deus”, que também experimenta nas chamadas “células”, grupos de amigos que se reúnem em casa para ler a Bíblia e cantar louvores.

Apesar de não falar muito de intimidade, ela se abre para falar do “relacionamento íntimo com Deus”, que também experimenta nas chamadas “células”, grupos de amigos que se reúnem em casa para ler a Bíblia e cantar louvores. “A palavra ‘célula’ viralizou. Mas nada mais é do que um culto, uma reunião que acontece em lares para adorar a Deus, nos confessarmos juntos. Rola muita música. Aí, a paz vem. Em um tempo em que a gente está tão autossuficiente por causa da tecnologia, a gente se junta para mostrar que dependemos uns dos outros. Somos servos uns dos outros.”

Crises emocionais e letras de música

Priscilla lançou 'Gente' (2018) com músicas sobre crises emocionais que enfrentou no ano passado - Lucas Seixas/UOL

O contato mais próximo entre Priscilla e os fãs se dá pelas mensagens em suas músicas. Ela conta que teve crises de ansiedade em 2018, que a fizeram rever emoções que havia acumulado a vida inteira. As dores se transformaram nas letras de música que fazem parte de seu último álbum, “Gente”.

“Eu tive uma vida muito diferente, deveria ter prestado atenção nisso. Mas quando a alma te cobra isso, ela te cobra gritando. Tive crises emocionais seríssimas. Graças a Deus e à psicologia, eu consegui encontrar caminhos incríveis e isso resultou em superação e autoridade para eu mostrar minhas cicatrizes e ajudar as pessoas a se curarem. Foi quando escrevi meu último álbum, expondo minha vulnerabilidade.”

 

Cirurgia no nariz e autoestima

A voz potente de Priscilla ecoa até entre os que não são do ambiente gospel. E, ela avisa, a potência vai aumentar. Quando conversou com Universa, a cantora tinha feito uma cirurgia plástica no nariz — que, garante, vai fazê-la alcançar notas vocais mais altas.

“Fiz a cirurgia por estética e para o desvio [de septo]. Acho OK fazer procedimentos estéticos, contanto que não seja invasivo para sua alma. Nada que eu faça é invasivo para minha fé”, pondera. “Sou bem vaidosa. Mas, para mim, a pessoa tem que se sentir bem e não ser refém da vaidade, não deixar que a identidade dependa disso. O meu nariz era uma coisa que me incomodava muito, foi algo que eu pude melhorar, tinha o dinheiro, fui fazer”, afirma

“Amo dar uma melhoradinha aqui, outra ali. Mas sempre me achei linda com aquele nariz, não foi uma questão de identidade ou falta de autoestima, porque eu sempre tive autoestima alta.”

 

FONTE: UOL, por Nathália Geraldo

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